Conheça a história completa da Confederação Brasileira de Motociclismo
Cinqüenta anos de história. Ou mais ainda se somarmos a fase
oficiosa ao seu perfil. Este é um breve relato do nascimento e vida da Confederação
Brasileira de Motociclismo, a entidade maior do esporte sobre motos no nosso País.
Os primeiros anos deste século, bem como as últimas décadas
do anterior, assistiram a chegada de uma imensa multidão de imigrantes ao Brasil. Eram,
principalmente, europeus que tentavam buscar uma vida nova e mais digna, fugindo da
grande pobreza e desemprego que imperava no "Velho Continente". Italianos, alemães,
espanhóis, portugueses, franceses, húngaros : gente com uma grande carga cultural e
uma excepcional experiência de vida, que chegavam a uma terra quase virgem, praticamente
inexplorada. E trouxeram com eles novos conhecimentos e um apego muito grande pelos
esportes, pela competição. Um veículo motorizado e contando com apenas duas rodas
era a máquina preferida e paixão maior de uma parte dessa seleta e pobre leva de "novos
brasileiros". Um veículo chamado
motocicleta.
De forma bastante informal e praticamente sem nenhuma divulgação,
algumas competições de motociclismo começaram a acontecer nos Estados do Rio de
Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná. Dos poucos levantamentos feitos até
hoje, constam que as primeiras motos chegaram ao Brasil entre 1907 e 1909. E fala-se
de competições no "circuito da Lapa", no bairro homônimo de São Paulo, já em 1914.
Graças, principalmente a italianos e alemães, nascia o motociclismo no Brasil.
Em 1925 foi fundada a primeira associação motociclística oficial,
a Federação Paulista de Motociclismo e Ciclismo. Poucos anos depois surgia o Moto
Clube do Brasil, no Rio de Janeiro, e que passaria a ser a "entidade maior do motociclismo
nacional, além de nosso representante no exterior. Só em 11 de Março de 1948, na cidade
do Rio de Janeiro e então Capital Federal, é que é fundada a Confederação Brasileira
de Motociclismo. Criada por Rodolfo Schmit, que foi o seu primeiro presidente, e por
Raul Brandão, a CBM passaria a ser entidade maior do motociclismo no País e representante
legal do Brasil no exterior, para os assuntos ligados a esse esporte. Logo no ano seguinte,
1949, a CBM passava a ter o privilégio de ser membro da FIM, Federação Internacional
de Motociclismo. Portanto, o Brasil foi o primeiro país latinoamericano e de qualquer outro
continente fora o europeu, a se filiar a FIM. Antes mesmo do Japão, Alemanha, EUA,
Austrália, Canadá, Portugal, Argentina e muitos outros. Mas a história da CBM e do
motociclismo brasileiro não foi feita só de "ordem e progresso". Em 1954, ao dar o aval
a um ambicioso e desleal político que desejava organizar uma competição internacional
durante as comemorações do IV Centenário de fundação da cidade de São Paulo, a
CBM entrou na pior fase de sua história.
Foram convidados boa parte dos maiores pilotos do mundo na
época, para correrem em Interlagos. Os políticos garantiam a parte financeira e promocional
dessa gigantesca aventura. Com tudo acertado, os melhores pilotos e as melhores motocicletas
do mundo desembarcaram no País, prontos para aquela que seria a maior corrida de
motos já realizada fora da Europa. No dia da corrida, chove muito em São Paulo, e a
prova é adiada; a contragosto dos pilotos estrangeiros, que estavam acostumados a
competir naquelas condições. Mas a real razão, segundo a narrativa de pessoas que
vivenciaram o evento, é de que não havia dinheiro para pagar as despesas da corrida e,
para piorar a situação, havia pouco público pagante.
Sem o recebimento dos valores combinados, boa parte dos pilotos
teve que vender suas motos e equipamentos no Brasil para poderem voltar a seus países.
A FIM exigiu explicações do Brasil por duas vezes, sem conseguir uma resposta. A CBM,
mesmo não sendo a principal culpada por toda essa péssima imagem gerada no exterior,
foi punida pela FIM com dez anos de suspensão nas suas atividades internacionais.
A partir desse momento, e com uma desmotivação geral, a CBM
ficou abandonada e acéfala. Foi reativada novamente, legalizada e transferida para São
Paulo, somente em 1972. E todo este trabalho foi obra de praticamente uma única pessoa:
Elóy Gogliano, o qual logo em seguida conquistou novamente a filiação da CBM junto a
FIM. Gogliano, falecido em 1997, ficou na presidência da entidade até 1985. Dessa data
até 1989 o paulista Carlos Paes de Almeida Filho esteve na presidência, sucedido então
por outro paulista, Alfredo Romulo Tambucci em mais duas gestões. Ao final de 1993
novamente graves problemas financeiros e administrativos recaem sobre a CBM, que
se vê mergulhada em dívidas e no não-cumprimento de acordos internacionais.
Em 1994 é eleito para a presidência o mineiro e ex-piloto Lincoln
Miranda Duarte. Provisoriamente e com o suporte gratuito de algumas poucas pessoas,
a sede da CBM se mantém em São Paulo, até que sejam saneadas as suas finanças e
atualizada a sua documentação. Em 1996 a sede da Confederação Brasileira de
Motociclismo é transferida para Belo Horizonte, onde permanece. Reeleito em 1997,
Lincoln Miranda Duarte é quem continua conduzindo a entidade, que está vivendo,
portanto,
o seu primeiro meio-século de existência.
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